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Purificação de chalconas diméricas obtidas através de cromatografia preparativa usando amido de milho como adsorvente cromatográfico

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Introdução: Myracrodruon urundeuva Allemão, Anacardiaceae, é uma árvore popularmente conhecida como Aroeira-do-Sertão. É encontrada no Brasil, principalmente na vegetação semi-árida do Nordeste (Cruz, 1979). Os extratos preparados a partir de sua entrecasca demonstraram evidente efeito anti-inflamatório, cicatrizante e antiúlcera (Viana et al, 1995), sendo as chalconas diméricas urundeuvinas A, B e C e os taninos os principais constituintes químicos responsáveis por estas ações (Bandeira, 2002). Estas chalconas diméricas podem ser selecionadas como marcadores químicos no controle de qualidade da referida espécie vegetal. Objetivos: Isolar chalconas diméricas por meio de Cromatografia em Camada Delgada Preparativa usando como adsorvente amido de milho, a fim de utilizá-las como marcador químico analítico. Métodos: O extrato acetato de etila (EAE), obtido a partir da entrecasca de Aroeira-do-Sertão e as placas cromatográficas de amido foram preparados segundo técnica descrita por Bandeira (2002). Os componentes da camada adsorvente foram usados nas seguintes proporções: Amido (90 g), gesso (10 g) e água destilada (100 mL). Em seguida, o EAE foi aplicado manualmente a 1 cm da borda da placa, tendo como fase móvel cloreto de metileno:metanol (90:10). Observou-se a separação de três faixas distintas codificadas como F1, F2 e F3, as quais, por raspagem, foram retiradas da placa e submetidas à extração com a mistura de solventes acetona:metanol (1:1). A fração correspondente à F3, com massa de 32,1 mg, foi submetida à isolamento em cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE-DAD). As frações obtidas foram codificadas como Pa1, Pa2, Pa3, Pa4, Pa5. Após a coleta, o solvente foi removido por meio de rotaevaporador. A fração Pa4 foi selecionada para análise por seu tempo de retenção compatível com as chalconas diméricas, sendo submetida à análise por Cromatografia Líquida de ultraeficiência acoplada à Espectrometria de Massas (UPLC-QTOF-MS/MS). Resultados: Para a fração Pa4, com massa de 6,9 mg, observou-se, em análise por CLAE-DAD, pico referente ao tempo de retenção 7,2 minutos com relativo grau de pureza. Após análise por UPLC-QTOF-MS/MS da fração Pa4, observou-se, em mistura, a presença da Urundeuvina A e B. Foi possível obter espectro de massa correspondente à Urundeuvina A (C30H22O9), com pico base em m/z = 526, com principais fragmentações em m/z = 389, 415 e 135. O pico com m/z = 389 pode ser atribuído ao fragmento formado por uma ruptura α-β em relação ao grupo carbonila. Foi possível, ainda, obter espectro de massas correspondente à Urundeuvina B (C30H20O9), com pico base em m/z = 524. Para esse composto, observa-se um sistema aromático conjugado à carbonila, com fragmentos em menor proporção que a Urundeuvina A, podendo-se destacar o fragmento com m/z = 387. Conclusão: Os resultados evidenciam que a técnica cromatográfica utilizando amido de milho como adsorvente foi útil na pré-purificação das chalconas diméricas, conforme já demonstrado por Bandeira (2002), representando uma inovação tecnológica e econômica, dado o baixo custo do amido. Além disso, obteve-se o espectro de massas, com perfil de fragmentações das Urundeuvinas A e B, até então inéditos na literatura. Apoio Financeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).