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Introdução: Na gravidez, a vivência de uma realidade permeada por violência está associada a graves consequências para a saúde materna e fetal, entre elas desenvolvimento de transtornos mentais, como a ansiedade e a depressão, uma vez que conspira contra o bem-estar da gestante ao ser fonte de pesar e sofrimento para ela. Objetivo: avaliar a ansiedade e depressão em gestantes e sua associação com a ocorrência de violência doméstica. Métodos: estudo epidemiológico, descritivo, analítico, de corte transversal e abordagem quantitativa realizado com 209 gestantes em acompanhamento pré-natal em cinco Unidades de Atenção Primária à Saúde, no Sistema Único de Saúde, de um município do Sul de MG, o que correspondeu a uma prevalência de 50%, 95% de confiança e margem de erro de 5%. A coleta de dados ocorreu de 16 de janeiro a 7 de março de 2013 e utilizou a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão e um instrumento de caracterização contendo variáveis socioeconômicas, demográficas e relações interpessoais. Para as análises estatísticas dos dados foi utilizado o software SPSS e foram realizados os testes Qui-quadrado, Exato de Fisher, Shapiro-Wilk e Mann-Whitney e também calculado o rank médio e o odds ratio. As variáveis que apresentaram associação estatisticamente significativa com a ansiedade e a depressão foram incluídas no modelo de regressão logística. O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alfenas sob parecer 113.129. Resultados: 26,8% das gestantes apresentaram ansiedade na gravidez e 14,8% depressão. Predominaram as gestantes que não enfrentavam conflitos conjugais (97%), não sofreram violência doméstica no passado (90%) e nem na atualidade (99,5%). Entre as participantes que sofreram violência doméstica no passado, 71,4% foram vítimas de violência física e a única gestante que confirmou ser vítima de violência atual, informou ser esta do tipo psicológica ou moral. Evidenciou-se que a depressão na gravidez esteve associada com o histórico de violência doméstica. Conclusão: o histórico de violência contra a gestante é um fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos mentais na gravidez, impactando negativamente na gestação à medida que deteriora o bem-estar psíquico da mulher, o que ressalta a importância do acompanhamento psíquico no pré-natal que possibilite a detecção e tratamento de transtornos metais, a promoção do enfrentamento de situações conflitantes e empoderamento da mulher.