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Avaliação toxicológica aguda de um extrato padronizado obtido das inflorescências de Mimosa caesalpiniifolia Benth

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Introdução: O “sabiá” (Mimosa caesalpiniifolia Benth.), planta nativa da Caatinga, é utilizada popularmente como cicatrizante, anti-inflamatório e anti-hipertensivo. Segundo Santos et al (2015), a presença de flavonóides, como a rutina e a quercetina, identificados no extrato etanólico das inflorescências da M. caesalpiniifolia, podem contribuir para a promoção do efeito hipotensor e bradicárdico observado em ratos normotensos. Objetivos: Avaliar a toxicidade aguda após administração oral do extrato hidroalcoólico padronizado obtido das inflorescências de M. caesalpiniifolia. Métodos: As influorescências foram secas, pulverizadas e submetidas a maceração em etanol/água (7:3), na proporção de 1:10 (m/v). A cada 3 dias, o extrato foi filtrado e sonicado. Foram realizados 3 ciclos, totalizando 9 dias. O extrato (Mc-HAE) foi rotaevaporado e liofilizado. A avaliação toxicológica do Mc-HAE foi realizada através do Teste de Classe Tóxica Aguda (OECD nº 423). Ratas Wistar fêmeas (n=6/grupo), foram separadas em 3 grupos. Por via oral, as cobaias do grupo controle receberam água destilada (0,1 mL/10 g de peso corporal), e os outros dois grupos receberam Mc-HAE nas doses de 100 e 200 mg/kg durante 14 dias. No 15º dia, foi realizado coleta de sangue para análise de parâmetros bioquímicos séricos (Fosfatase Alcalina, ALT, Colesterol total, Creatinina, Glicose, Proteínas totais e Ureia). Após eutanásia, baço, rins, fígado, coração, pulmão e artéria aorta foram pesados e submetidos a análise histopatológica. Os procedimentos realizados estão de acordo com as normas internacionais preconizadas pela OECD, com aprovação do Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade Federal do Piauí (permissão nº 114/2015). Resultados: A extração forneceu massa de 1,050 ± 0,04 g de Mc-HAE, com rendimento de 20,7%. Não foram observados alterações comportamentais, perda de peso e nem mortalidade durante os 14 dias de tratamento após a administração oral do Mc-HAE. Resultados semelhantes foram obtidos por Silva (2012), que observou que o extrato etanólico 70% e suas frações (acetato de etila, butanólica e aquosa) extraído das folhas de M. caesalpiniifolia não apresentaram sinais de toxicidade em camundongos, quando administrados em uma única dose de 5000 mg/kg, por via oral. A DL50 deve estar possivelmente situada em doses acima de 2000 mg/kg, sendo então o Mc-HAE considerado seguro (OECD, 2002, 2001a, 2001b, 1987). Estes resultados indicam a ausência de toxicidade, uma vez que não foram registrados sinais de toxidade geral, sugerindo o não envolvimento do SNC e SNA (ALMEIDA, 1999). Outros sinais de toxicidade podem se expressar pela alteração da massa relativa dos órgãos e alterações bioquímicas sanguíneas uma vez que tais parâmetros refletem o funcionamento das principais vias metabólicas do organismo (Gonzalez e Silva, 2003). Não foram observadas modificações significativas no perfil bioquímico e nem na massa relativa dos órgãos, em comparação com o grupo controle. Conclusão: A administração oral do extrato hidroalcoólico padronizado das inflorescências de Mimosa caesalpiniifolia não produz efeitos tóxicos e nem alterações sobre os parâmetros bioquímicos estudados em ratas, demostrando um aceitável perfil de segurança para estudos em modelos animais visando investigar os potenciais farmacológicos e terapêuticos para o desenvolvimento de novos fitoterápicos. Apoio Financeiro: CAPES e Fapepi.