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Associação de polimorfismos nos genes IL10, IL4, IFNG e CTLA4 com reação de hipersensibilidade ao efavirenz em pacientes infectados com o vírus da imunodeficiência humana

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Introdução: A terapia com associação de agentes antirretrovirais em pacientes HIV positivos representa uma melhora da resposta clínica, através da expressiva supressão da replicação viral e aumentos dos níveis séricos de linfócitos T CD4+ (Rev. Saúde Públ. 40:9,2006). No entanto, falha terapêutica pode ocorrer em decorrência da adesão inadequada ao tratamento e de reações adversas aos medicamentos. Nesse aspecto, tem-se verificado que fatores intrínsecos ao indivíduo, tais como fatores genéticos, podem contribuir com a predisposição a essas reações (AIDS.12:15,2010). Objetivos: O objetivo do presente estudo foi investigar possíveis associações entre polimorfismos de citocinas do perfil Th1 (IFN-γ +874 A/T), Th2 (IL-4 -589 C/T) e Treg (IL-10 -1082 G/A e IL-10 -592 C/A), e da molécula inibitória CTLA-4 em pacientes com retrovirose que apresentaram hipersensibilidade ao efavirenz. Métodos: Um total de 63 pacientes atendidos no Hospital São José de Doenças Infecciosas, Fortaleza, Ceará, foram incluídos no estudo, sendo que 21 apresentaram reação ao efavirenz e 42, não. Foram considerados como casos, pacientes que apresentaram hipersensibilidade em decorrência do uso de efavirenz, determinada clinicamente, baseada em um formulário de modificação de tratamento antirretroviral preenchido pelo médico, em decorrência de reação de hipersensibilidade ao fármaco. Controles foram considerados como aqueles pacientes que fizeram uso de efavirenz, por no mínimo 6 meses, mas que não reportaram qualquer manifestação clínica cutânea decorrente do uso do medicamento. O DNA foi extraído de sangue periférico (coletado com EDTA) e submetido à técnica de PCR-RFLP para genotipagem. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do Hospital São José de Doenças Infecciosas em Fortaleza, Ceará, número 025/2011. Resultados: O genótipo -1082AA foi significativamente mais frequente em casos, em comparação com controles (p=0,019; OR=3,625; IC95%: 1,210-10,860). Da mesma forma o alelo -1082A foi significativamente mais frequente no mesmo grupo comparado ao grupo controle (p=0,009; OR=3,029; IC95%: 1,290-7,111). Os indivíduos com hipersensibilidade apresentaram maior frequência do alelo IL-10 -592A em comparação aos controles (p = 0,028), associando o alelo A com risco aumentado de hipersensibilidade ao fármaco (OR=2,40; IC95%: 1,088-5,294). Além disso, análise estatística dos dados demonstrou que o haplótipo AA (-1082/-592) esteve significativamente associado com o risco aumentado ao desenvolvimento de reação de hipersensibilidade ao efavirenz (p=0,006) (OR=3,789; IC95%: 1,430 – 10,04). Nenhuma diferença significativa foi observada em casos e controles, quando se analisou as frequências genotípicas e alélicas para IL-4 -589 C/T, IFN-γ +874 A/T, CTLA-4 +49 A/G. Não se observou associação do polimorfismo IL-4 -589 (C/T) e hipersensibilidade ao efavirenz, no entanto, a combinação do alelo IL-10 -1082A (GA+AA) junto com IL-4 -589T (CT+TT) esteve mais frequente nos pacientes alérgicos (p=0,015; OR= 15,970 (IC95%: 0,8477-300,9). Conclusão: Os dados sugerem que polimorfismos em regiões reguladoras da produção de citocinas e em receptores imunológicos envolvidos com a regulação da resposta imune podem estar dentre os fatores que contribuem com a susceptibilidade individual à hipersensibilidade ao efavirenz.. Apoio Financeiro: O estudo foi financiado com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnólogico (CNPq, processo 554970/2010-4).