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“Rap florido”: Reconhecimento Artístico, Amor e Relações de Gênero entre Cantores.

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Esta pesquisa tem como objetivo analisar a maneira como produtores de rap relacionam feminilidades e “rap florido”. Rap é um gênero musical, que pertence ao movimento cultural Hip-Hop, e é elaborado principalmente por jovens negros (as) das periferias do Brasil e “rap florido” é um termo que se refere as músicas nas quais encontram-se relatos sobre relações amorosas entre homens e mulheres. Para a reflexão acerca dessa associação realizada pelos cantores (as) entre mulher e amor heterossexual, analisamos as canções de amor e as de protesto. Essas duas modalidades de rap contém em suas letras dimensões diferentes da realidade, pois enquanto o rap florido trata de relacionamentos amorosos, o rap de protesto divulga conteúdos com o objetivo de educar os jovens das periferias e criticar formas de racismo e a desigualdade social. (Gilroy,2001). Durante nossa pesquisa a metodologia utilizada foi baseada em entrevistas com quinze rappers do Estado de São Paulo, selecionamos quatro deles e acompanhamos suas publicações sobre o rap, no Facebook. Além disso, levamos em consideração conversas informais com esses artistas feitas on-line por meio desta rede social. Foco da nossa investigação foram as representações de feminilidade e masculinidade produzidas pelas letras do rap que abordam o tema de práticas amorosa. Uma vez que o amor conjugal e a feminilidade parecem estar indissociáveis nesse gênero musical, refletimos que no rap existe um reconhecimento social secundário para o rap florido em relação ao de protesto. Essa legitimidade secundária para a mulher e o amor explicita uma reprodução da desvalorização do feminino nas atuações educadoras no espaço público desse estilo musical. No entanto, como afirma as autoras Sherry Otner(2007) e Judity Butler (2003), também, existem estratégias, “agência” e identidades contra a inferiorização das feminilidades. Pudemos, portanto, analisar que existem disputas no que diz respeito à maneira como os cantores (as) lidam com a questão de gênero, por meio de referências de amor, sendo uma delas a liberdade individual. Viveiro de Castro (1977).