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"POR NOS HABER DEJADO AFUERA": ENUNCIACÃO E CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS NA OBRA LAS NEGRAS, DE YOLANDA ARROYO PIZARRO

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Esta comunicação visa a examinar a noção de memória e, mais precisamente, seu papel em construções identitárias observáveis em escritas femininas negras caribenhas. Para tanto, propõe-se a interpretação de dois contos dentre os reunidos na obra las Negras (2012), da escritora e ensaísta portorriquenha Yolanda Arroyo Pizarro: os contos “Wanwe” e “Matronas”. A leitura do corpus literário selecionado partirá da hipótese do Caribe como prefácio às Américas, formulada pelo filósofo martinicano Édouard Glissant em seu ensaio Introduction à une poétique du Divers (1996); e, como referência suplementar, esta comunicação recorrerá ao ensaio de Pizarro intitulado “Hablar de las Ancestras: hacia una nueva literatura insurgente de la afrodescendencia” (2011), com vsitas a discutir sua noção de ancestra. Como procedimento de leitura, os contos de Pizarro serão examinados enquanto prefácios a uma noção mais ampla de literatura negra caribenha (e, por conseguinte, americana, caso sigamos o traço de Glissant). Busca-se discutir cada conto examinando algumas das condições de possibilidade à enunciação destas mulheres (Wanwe, no primeiro conto; Ndizi, no segundo), desde sua condição de sujeitos de escrita e desde seu lugar de escrita negra feminina. Os limites críticos e possibilidades transgressoras próprias à enunciação das protagonistas, compreendida inicialmente como uma fala de subalternidade, serão examinados mediante a noção complementar de essencialismo estratégico, a partir de textos de Gayatri Chakravorty Spivak (2010), bell hooks (2001) e Ochy Curiel (2009). Esta comunicação integra parte dos resultados parciais obtidos pelo Projeto de Pesquisa Teseu, o labirinto e seu nome, coordenado pelo proponente na Universidade Federal do Piauí.