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SE CORRER O BICHO PEGA, SE FICAR O BICHO COME: ACESSIBILIDADE ATITUDINAL PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

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Acessibilidade é um tema atual relevante por causa de sua característica de transversalidade à vida humana em várias esferas, tais como, arquitetônica, comunicacional, informacional, pedagógica e econômica. A acessibilidade na educação superior constitui tema de especial relevância quando se trata de estudantes pertencentes a grupos vulneráveis uma vez que implica à instituição de ensino superior cumprir a legislação com vistas a garantir sua participação, em condições de igualdade com os demais estudantes, isto é, sem discriminação ou qualquer outra forma de exclusão.
Dentre os tipos de acessibilidade, a acessibilidade atitudinal permanece um tema muito mencionado, mas pouco explorado de forma sistemática. Assim, nesta comunicação nosso objeto de estudo é a acessibilidade atitudinal analisada à luz dos Estudos Culturais em Educação por este ser um campo teórico plural e interdisciplinar que permite o aprofundamento do conceito de acessibilidade e suas interfaces estrutural, relacional e organizacional.
A metodologia estudo de caso foi adotada para conduzir o estudo a partir da escuta das vozes de seis estudantes universitários com diferentes deficiências sobre as atitudes de outros (docentes, colegas e funcionários) frente à sua deficiência nos vários espaços acadêmicos. Durante a coleta de dados utilizamos entrevistas, a técnica Shadowing e análise de documentos legais e institucionais.
As análises dos dados foram feitas com base no levantamento do referencial teórico na área de educação da pessoa com deficiência, assim como das produções científicas que problematizam as relações de poder e a naturalização de estigmas e fronteiras atitudinais e espaciais que tradicionalmente são entraves na vida social e educacional de pessoas com deficiência.
Os dados mostram que as atitudes das pessoas sem deficiência (docentes, colegas e funcionários) em relação às pessoas com deficiência no espaço universitário, muitas vezes, se caracterizam pela negligência (por ex. quando estacionam a moto no meio de uma calçada), de discriminação e preconceito (por ex. quando um docente discrimina um estudante abertamente na sala de aula); de violação dos direitos (por ex. quando a universidade não adota medidas punitivas ou assegura o acesso a materiais apropriados aos estudantes com deficiência, conforme estabelecido no marco político-legal).
Os resultados desta pesquisa também indicam que a discriminação contra as pessoas com deficiência na educação superior pode ocorrer diretamente através de uma atitude de segregação ao, por exemplo, excluir um aluno/a da aula em virtude da sua deficiência ou mesmo a discriminação pode ocorrer de forma silenciosa quando há seleções para bolsa de estudos e pesquisas e a pessoa com deficiência é excluída por não encontrar acessibilidade na divulgação ou pela omissão da oportunidade a estes alunos/as quando a atitude é de negligência (ou mesmo „ignorar‟) pela crença na incapacidade de produção científica dos/as estudantes com deficiência.